segunda-feira, 27 de maio de 2013

Um Dia.

Um dia eu te escrevo.
Pode ser carta, bilhete, mas escrevo.
Espera a poeira baixar, espera o café esfriar.
Espera o coração parar de bater tão forte.
Um dia eu te paro na rua, te digo a verdade.
Digo que senti tua falta, tua ausência.
E aí depois disso eu te escrevo.
Escrevo como foi passar tanto tempo sem ti.
O que foi matar tudo que eu senti.
Te digo o que foi não sorrir ao saber de você.
Por não poder mais te ver.
Não poder mais te escrever.

quinta-feira, 23 de maio de 2013

Sonho.

O pretérito perfeito - que de perfeito, nada tem - habita o subconsciente consciente, e o fluxo espaço-tempo dentro da mente ultrapassa a velocidade da luz. O que, pra todos os efeitos, não faz a menor diferença no resultado final. Por não saber que é concreta, a memória se desfaz, deixando rastros nas estrelas.

Manual dos Corações Partidos.

1 - Afogue as mágoas em pequenos vícios.
2 - Procure alento em braços de um amor passado.
3 - Não fique nunca sozinho.
4 - Memorize todos os momentos ruins, e os resgate sempre que necessário.
5 - Arrume um passatempo bobo.
6 - Crie em ti coragem pra deixar o tempo agir.

quarta-feira, 22 de maio de 2013

De Criança.

Quero cochilar um pouco
Me revirar na cama
Fingir ser invisível

Quero sonhar acordado
Comer doce de leite
E acordar mais tarde

Quero brincar de namorar
Molhar os pés no mar
Pular de um precipício.

segunda-feira, 20 de maio de 2013

Abandonar o Navio.

Os ventos estão mudando, pequena.
As águas estão agitadas, e o mar está com gosto de sangue.
"É hoje, capitão."
A tempestade aumenta acima das nossas cabeças, e o ar corta a alma.
Todos os ladrões, patifes e trapaceiros afundam hoje.
Toda a tripulação abraça pela última vez esse mar filho da puta.
Uma vez me disseram que o mar é como uma mulher...
Acho que não havia entendido isso até agora.
Içar velas.
Preparar canhões.
Abandonem a esperança, homens.
Vamos valsar mais uma vez com a morte.

Só mais uma vez.

Existência Crítica.

De qualquer modo, tenho encontrado uma certa dificuldade em separar sonho de realidade.
Como exatamente eu comecei esse texto?
Esse gato nunca foi de muito carinho, talvez ele esteja tentando me mandar algum sinal.
Talvez, com os movimentos ao redor da minha perna, esteja tentando me dizer que o tempo é relativo.
Talvez seus olhos estejam tentando me explicar algo muito importante.
Talvez a pergunta fundamental não seja "o que", e sim "por que".
Por que sou eu?

Absolutamente Nada.

Eu não sinto amor.
Eu não sinto apego, ou pena.
Não sinto vontade, ou repulsa.
Não sinto frio, ou calor.
Eu sinto ódio.
Eu sinto muito ódio.
Fora isso, tudo é muito indiferente.
Indiferente demais, na minha opinião.

sexta-feira, 17 de maio de 2013

Amar.

Se a única opção é o amor,
E o amor não é opção alguma,
A liberdade é relativa.
Se posso ser tudo que sou,
E ao amar não posso mais,
O sentimento é opressor;
Uma prisão onde escolhi ser trancado.
E escolher o não-amar
Por não ter culhão de sofrer,
É me privar da opressão
Que eu mesmo me permiti.
De que me serve procurar
A ausência do meu amor,
Se mesmo sem estar contigo,
Parte de mim está em ti?

Sonhos.

Meus sonhos não mais aparecem, e os céus se escureceram. O mundo passa em câmera lenta, como um clipe de música brega. Choro meus próprios mares, e me sufoco em paixão; simples e sofrida, paixão que tenho por passado. A esperança se adaptou à inesistência, e as águas se acalmaram. Sei que, se nada mais me alegrar, e o mundo não me engolir a tempo, pensarei no teu sorriso, e a ansiedade se dissipará.
Como todos os sonhos bons se dissiparam na tua ausência.

Cecidit.

Ao anjo que me rodeia
Com o farfalhar de asas negras
Os olhos cor-de-noite
E profundidade do espírito
Troco a luz por escuridão
Troco pecado por perdão
Sacrifico a minha dor
E me curo em solidão
Para enfim poder clamar
Minhas sombras ao teu olhar
E transformar nós dois em um.
Invoco a ti, tenebroso condenado
Agora e para todo o sempre.

quinta-feira, 16 de maio de 2013

Te Acordo Quando Chegar.

E se estivermos errados, e tu'alma não mais pairar sobre mim?
E se minha memória for corroída aos poucos pela tua falta, e me esquecer de como tudo começou?
E se o céu for tão real quanto nossas esperanças?
(Já posso sentir a ausência das tuas mãos.)
Será que tudo que sobrou de mim está em você?
Será que não sou nada?
O que aconteceu?

-T.

quinta-feira, 9 de maio de 2013

Queria Eu Não Ter Quereres....

Queria ser um barco sem rumo, uma bala perdida. Tendo tanto a contar, e passar sem dizer nada. Queria causar um impacto seguido de reflexão, uma epifania. Queria saber tratar o mundo como o mundo me trata, e devolver as mágoas que as ondas trouxeram. Queria ser filho do fogo, e me aquecer sozinho. Queria ser filho das sombras e não ter medo do escuro. Queria encontrar o tesouro perdido, beijar a donzela indefesa e me perder no tempo. Queria ser uma piada boba contada a uma alma triste, uma história de amor que virou filme, um livro velho numa estante velha.
Mas eu queria, mais do que tudo, não querer tudo aquilo que acho que mereço, e aprender a ser feliz com o pouco que tenho.

terça-feira, 7 de maio de 2013

Ofensivo.

Cheirar cocaína, tomar cafeína, injetar metanfetamina. Transar com a menina, ler um livro chato, comer biscoitos chatos. Ouvir a menina chata, viver a vida chata e cheirar mais pó. Dar um nó na garganta, falar "pra lá de borogodó", se masturbar só pensando nela, ficar só.
Gostosa,  ninfeta, por que não vem até o meu quarto me dizer coisas não pronunciáveis? Soletre pra mim teus desejos, e me enfeite com teu cheiro de suor.
Estupre minha sanidade, e defeque a realidade na minha cara. Cuspa teu sangue na minha boca, e castre os meus sonhos.
Quero acordar para a dor do amanhã, ou nunca mais acordar.

sábado, 4 de maio de 2013

Sem Título.

Tua mentira quase me confunde, mas teus lábios não têm tantas cores assim. Penso nos teus cheiros, que de teus só têm o nome. Ah, menina... Queria ao menos poder sentir teu carinho sem saber dos outros que te sentiram! Sou mera indecisão, paradoxo imperfeito, desejando aquilo que faz com que eu me afaste. E assim permaneço, sem estar de verdade: indo e voltando, sonhando acordado, bebendo da tua água sem matar a minha sede.

quinta-feira, 2 de maio de 2013

Lar.

Guardasses pra mim teu amor
Sussurrasses pra mim os teus medos
Salvaria de todos, a ti
Viraria um de teus segredos

Viveria sem cheiro e sem cor
Pra passear por ti sem notares
Guardaria toda a tua dor
Nos meus invisíveis olhares

Se eu fosse só pensamento
Fruto de mente sombria
Nas noites frias de tormento
Sonhos bons eu te levaria

E se mesmo sem desconfiança
A felicidade não te brotar
Enquanto houver esperança
Eu serei o teu lar.