De repente eu me sinto uma moeda de dez centavos que caiu num bueiro da rua mais movimentada do Rio de Janeiro. Eu com meu cigarrinho amassado no bolso de trás e dez reais jogados de qualquer jeito na carteira, eu com a roupa amassada de ontem e com o hálido de sexta-feira. Eu que me apaixono por cada par de seios que esbarra comigo na rua e me joga um sorriso despretensioso. Sou o mesmo cara que acabou de ser deixado no esgoto junto aos ratos, o mesmo verme que se matou sem morrer de verdade - ou que morreu de verdade sem precisar se matar. Sou um pontinho flutuante de poeira universal flutuando pelo universo, sou uma moeda de cinco centavos sendo arrastada pelo esgoto — e eu nunca me senti tão bem.
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