segunda-feira, 17 de abril de 2017

Secreto.

E esse ciúme proibido que fere, mas não pronuncia? Ele cala e, ao calar, se alastra – como um fungo em ambiente fechado. Arranha por dentro pra mostrar que quer, de todo jeito, libertar-se na boca e no peito e devorar todo e qualquer duvidar. E podem dizer que o amor dói, mas o amor calado rasga e devora por dentro. Como praga, devasta silenciosa – silêncio esse que vibra e quase toca a língua. A vontade de falar fere de tanta míngua e, quando vai ver, é como se o rosto gritasse o que os olhos tentam esconder: "eu quero poder-te viver". Mas se te vivo, tudo estraga: fica o delírio e o resto se apaga. Quanto de ti já saiu do meu lado? Quanto de mim se perdeu no passado?