domingo, 30 de junho de 2013

Marionetes.

Se pessoas fossem manipuláveis, e o mundo fosse de papel, o que você faria? O que faria se tudo se moldasse conforme a sua vontade? Conseguiria não mudá-lo? Conseguiria parar quando fosse "bom o suficiente"? Conseguiria faze-lo perfeito? E o que é perfeito, afinal? É um termo utópico, então como consertar tudo? Faria tudo do seu jeito, e se tornaria um ditador? Faria tudo do jeito deles, e os tornaria mimados? Deixaria o caos acontecer ignorando o resto?
E se o mundo for assim, e cada um de nós tiver essa capacidade?
Seria bom criar uma maneira para não deixarmos os outros saberem disso, certo?

quinta-feira, 27 de junho de 2013

Carla.

Joana falou que me amava,
Não me ama mais.
Luiza falou que ficaria aqui pra sempre,
Não está mais.
Mariana disse que eu era o único,
Não sou mais.
Bruna disse que eu era especial,
Agora sou outro qualquer.
Carla disse que me odiava.

Vai tomar no cu, Carla.

Arrepio.

Arrepia em ti?
Arrepia em mim.
Me faz vibrar, vidrar.
Me faz gritar lamúrias.
Me abre as asas, e me faz tremular.
Contra mim,
E a favor,
Me revelou,
Me relevou.
E, quase sem querer,
Me quis.

Paredes.

Eu gosto de falar com as paredes.
Gosto de falar com você, pois me lembra minhas conversas com as paredes.
Não dá pra chamar uma parede pra sair, nem se espera resposta de uma.
Acho que gosto de me confessar para o nada, mesmo que não faça a menor diferença.
"Eu pequei."
Em casa, meus amigos são os cômodos.
Na rua, os cigarros.
Na morte, acredito que continuarei existindo, em eterna solidão.
Sem paredes.
Sem cigarros.
Sem nada.
Então é melhor eu ir treinando.

terça-feira, 25 de junho de 2013

Shhh!

A hora não importa mais, então deixo pra lá todos os meus tempos.
O coração já não bate, então não adianta mais deixar o fogo aceso.
Não toco mais o chão, não quebro mais segundos, não me vendo mais.
Todo som que ouço é o que tem dentro de mim.
Shhh!
Está ouvindo?

Cansado.

Eu não confio nos meus tatos,
Estou me perdendo em blues e vinho barato.
Talvez o vento me leve embora,
Mas acho mais fácil apodrecer aqui
Junto com meus parasitas pessoais.
Eu não acredito em nenhum deles,
Não acredito em mim mesmo.
Não sou alguém insignificante,
Mas também não sou nada demais.
Acho que sou um buraco,
Esperando outros
Que caiam, que caibam,
Que preencham a escuridão.
Eu sou a arma
Apontada pra minha própria cabeça.

segunda-feira, 24 de junho de 2013

Tarde demais.

Quero dormir
Mas não posso
Quero me animar
Mas estou com sono
Quero cheirar pó
Mas não vou comprar
Quero tocar violão
Mas está longe demais
Quero desenhar
Mas não tem papel
Quero dançar
Mas não tem música
Quero sonhar
Mas agora eu já perdi o sono.

domingo, 23 de junho de 2013

Sem Palavras.

Sou um hipócrita.
Vivo em função das palavras, mas não as compreendo.
Não entendo o motivo delas, e definitivamente não entendo sua importância.
São só um conjunto de letras, mas se tornam mais importantes do que seu criador.
Passo a vida cercado por elas, rodeando-as com meu silêncio, e pra quê?
No final, formo com as palavras uma onipotência relativa.
Posso criar tudo que quero, e a partir da minha criação, elas me criam.
Palavras são, assim, deuses.
Não precisam de mim para existir, e não desaparecem comigo.
E o que sou eu, dominando esses deuses?
Apenas um jogador.
Um adestrador de palavras.

sexta-feira, 21 de junho de 2013

João.

João manipula pessoas,
João manipula informação.
João decide quem sofre,
João decide quem não.
João chora e faz cena,
João ri e dá sermão.
João vive de máscara,
João anda com a multidão.
João diz que não sente,
João respira paixão.
João representa,
Em todos os casos,
João.

É meu o presente que me consome.

Teus males ternos,
Teu suave sabor.

Teu forte tempero,
Tua breve sutileza,
Tua clareza.

Teu sorriso de criança,
Dona da esperança,
Tua ausência em mim.

Tua indiferença,
Incrível descrença
Em tudo que representa
Aquilo que tento ser.

Viscosos sentimentos,
Vadios infortúnios,
Nada mais a fazer.

Talvez seja o fim,
Já que o fim tarda a chegar.

(Mas não vou dizer nada.)

Afinal,
Existe maior prova de amor do que o silêncio?

segunda-feira, 17 de junho de 2013

Brasil.

Está tudo muito mais ou menos.
O trânsito, as notícias, o mundo acordou assim.
Nublado.
As estações de metrô, os pontos de ônibus, os aeroportos,
Fechados.
Cinemas meio vazios,
Cabeças meio vazias,
Metades em todo lugar.
Essa é a grande revolução
Todos lutando pelo país
Mais mais ou menos que eu já vi.

domingo, 16 de junho de 2013

Foda-se.

Não sinto vontade de escrever, acho todos vocês um verdadeiro lixo.
Não sinto vontade de viver, pois sou parte desse grande lixo que são vocês.
Não quero nem reler esse texto por medo de vomitar minha própria alma.
E sei que ver minha alma vomitada me fará vomitar de novo.
Não sei quem veio com essa ideia estúpida de valorizar a vida.
Existem aproximadamente sete bilhões de pessoas no mundo que me fazem pensar o contrário, e eu sou uma delas.
Eu quero que o mundo exploda.
Está tudo uma merda.

sábado, 15 de junho de 2013

Transtorno de Personalidade Antissocial.

Ilimitados são os que não sentem, pois, por não lhes pesar a pena, desprezam o mal de viver. Talvez sejam os únicos capazes de definir "liberdade", sob a liderança apenas de Deus. E a nós, meros mortais, cabe apenas observar sem compreender as inúmeras artimanhas da carne.
Provocando medo e fascínio, tais seres humanos existem além de qualquer conceito, lei ou religião. Repousam por entre as falhas da sociedade, e se escondem do mundo em pele de gente, para fugirem da condição de monstros.
Mas se tal condição houver cura em comprimidos, ainda hão de extrair veneno; pois existir sem sofrimento gera inveja nos corações mais fracos.

sexta-feira, 14 de junho de 2013

Desejos.

Queria não te ver ou te sentir.
Queria não tremer a cada ausência que desacelera o tempo, ou não as notar.
Queria perder o vislumbre do teu olhar, o toque do teu suor e a mágoa do teu chorar.
Queria nunca ter existido, pra nunca te-la feito sofrer.
Na verdade, queria deixar de existir agora mesmo.

- T.

quinta-feira, 13 de junho de 2013

Pontos e Vírgulas.

Não escreva.
Se for escrever, não diga a verdade.
Se for dizer a verdade, não seja parcial.
Não fale sobre você mesmo.
Nao pense por você mesmo.
Não seja original.
Não aceite ordens.
Não escreva.

quarta-feira, 5 de junho de 2013

Sádico.

Rio de novo, enquanto o ouço.
E mais alguns momentos de gargalhadas.
Não é possível...
Esse ar está intragável, mas não consigo sentir cheiro.
(socorro...)
Você vem comigo?
Acendo um cigarro.
Dispenso evidências e fecho a porta.
(socorro...)
Esse ar está perfeito.
(socorro...)
Isso é incrivelmente bom...
Consegue sentir?
Tente mais uma vez.

terça-feira, 4 de junho de 2013

-L.

A principal diferença
Entre mim e você
É que você separa casais
E eu participo deles

Mas não prestamos
Igual(mente).

Escorpiana.

Perdi o gosto pela vida, e preciso que me cubra com a tua paz.
Por que tudo que escrevo parece fútil? Por que todos os problemas parecem não pesar, e não encontro a tua voz pra me dizer o que importa? O que mudou em mim quando você me deixou? Será que tudo que eu tive de bom era teu? Será que estou destinado a ser um nada, caminhando pelas ruas da indiferença?
Os ventos levam minha dor pra longe, e secam as lágrimas que choro em teu nome. Passei a te imitar em coisas toscas, e sorrir para compensar os sorrisos que não vais mais dar. Talvez eu seja louco, afinal, como pensávamos... Já cresci por dentro, e por fora continuo o mesmo; não posso me mudar tanto, ou não vai me reconhecer quando eu for embora também, certo?
Espero poder lembrar do teu rosto ao te ver de novo, e melhorar da febre que me faz esquecer do meu.
Te acordo quando eu chegar em casa.

Lolita.

Seus sussurros incansáveis
Cabelos curtos e longos
Olhar sem olhar de verdade
Me prenda em seu toque,
Pequena...
Me jogue contra meus desejos
Me arranque as carnes da boca
Tire de mim meus farrapos
Tire de mim os olhares
Por que tanto olham pra mim?
Queime a decência
Deixa eu te acender o pavio
E deixa o sono pra lá
Não vai se arrepender,
Pequena...
Suas mãos que me batam com força
Hoje não vou mais chorar
Vou arranhar seus cheiros
Seus perfumes
Vou quebrar sua pele de vidro
E entrar na sua mente
Só paro quando o mundo acabar
Só se você me pedir pra parar,
Pequena...

domingo, 2 de junho de 2013

Luz Sombria.

Tua sombra me parasita
E desaprendo a amar
Teus olhos vis me fitam
Sem culpa e sem pesar

Tuas trevas se escondem
Em teu selo virginal
Afinidade se sobrepõe
À crueldade surreal

Tua boca vermelha em sangue
Teu corpo vestido em mel
Tua pele bebida em neve
Mortífera cascavel

Mas ao remover da maldade
Seus mantos de antipatia
Brota-lhe realidade
Despindo-lhe toda a magia.