domingo, 29 de abril de 2012

Ainda Mais Sozinho.

Só um qualquer pode entender que o que eu sinto por você não passa de um nada misturado ao acaso. E aos poucos quando vir, os pedaços vão se unir, formando a desculpa perfeita que me deixa livre da liberdade. Parto em busca da busca que me fez partir. Sento na cadeira que se fez, esperando algum motivo, e piso no amor que me deixaram, esperando uma recompensa. Ninguém existe mais.

sábado, 28 de abril de 2012

Sorriu.

Abriu a mão, e dela sairam todas as possibilidades.
Jogou o passado na lixeira, recolheu suas memórias e guardou no armário sujo.
Chutou para o canto todas as poesias de sua cabeça, encontrou uma gaveta vazia e lá colocou seu coração.
Abriu a porta e deixou aberta. Saiu.
Começou a andar e sorriu.
Correu, pulou, caiu, jogou, perdeu e ganhou.
Viveu.
Faleceu no dia 2 de setembro de 1994, mas seu coração continua batendo naquela gaveta.

segunda-feira, 23 de abril de 2012

O Andarilho.

Ele tropeçou, e com a mochila foi a memória pra longe. O chão passou por cima de sua cabeça fútil e de lá brotou um pensamento.
Meio tonto, o insignificante se levantou e ajeitou sua postura e continuou a andar.
Chegou em casa e dormiu, comeu e arrumou a cama.
Olhou.
Matou-se, pois viu que dali nada mais prestava.

Mais Um Rosto.

Mais um rosto desconhecido que se vai, esperando pelo juízo final. Um piscar de olhos acontece e tudo acaba. Aquilo que mantinha a lágrima presa nos olhos dos familiares e amigos é destruído pela notícia. Marca-se o enterro para o dia seguinte, tudo acontece rápido demais. Talvez ela esperasse que outra pessoa escrevesse esse texto e não eu. Não, com certeza não esse alguém tão frio e distante, que passa a maior parte do tempo longe do mundo real. Era importante pra mim. Poderia ter sido melhor, mais longo. A morte poderia ter reconhecido o quanto ela valia e a deixado mais um pouco. A tristeza vem e vai, como o frio. Não é algo que possa ser descrito em palavras, embora tenha feito isso aqui muitas vezes. Talvez seja a ausência de palavras para descrever algo tão profundo que a defina. Espero o tempo passar sem olhar o relógio. Francamente, estou cansado de olhar o relógio. Estou cansado da mesma ausência de tudo que me aquece, e ao mesmo tempo a presença de tudo que tenta me destruir. Eu quero que tudo acabe, mas o fim já chegou e foi embora e eu ainda não percebi.
Sentirei sua falta.

Momento.

De todos os lugares que queria estar e de todas as pessoas que disse que queria que estivessem na minha presença, você é a que chega mais perto das inúmeras definições de saudade que já escrevi.
E a falta é o que eu tento manter, por medo de que sem ela nada mais sobre além de uma infinidade de assuntos sobre tudo que não volta mais.
A flecha atravessa o ar e fura a pele até chegar o coração. A história se repete com diferentes personagens, que se vêem em um estranho e doentio jogo envolvendo lágrimas, chocolates, roupas íntimas e uma tristeza no fim da tarde de domingos chuvosos.
Se o motivo da sua dor for alguém, esse alguém é muito idiota. Se for alguma coisa, ela não tem tanta importância assim.
Não se deixe levar pelo momento se esse momento não for só seu.

segunda-feira, 16 de abril de 2012

A Palavra.

O pior é perceber que a raiva que sinto vem dos meus atos, e ver que a vida sempre volta a nascer em mim independentemente da minha vontade. Seus olhos me cercam como se vigiassem meu coração para que continue batendo, e meus pensamentos se vêem andando por conta própria a partir do momento em que recuso pronunciar a palavra "amor".

domingo, 15 de abril de 2012

Futuro do Pretérito.

Se o tempo permitir, eterno será.
Se a vida for generosa, perto do início estamos nessa roda gigante.
E se a morte trapacear, daremos nosso próprio jeito.

Cada vez que respirar, estarei te esperando.
Cada tempo que passar será um pequeno segredo.
E enquanto os outros estiverem olhando, seremos só mais duas pessoas.

Coração descansa em paz, alfinetado.
Perde-se em vão a graça, mas é contada como se ainda existisse.
E se ainda vivesse, sorriria.

Foi-se a correção do que não era bom, e não ruim.
Enquanto o resto chorava, a gente ria.
A preocupação nunca foi nossa melhor arma contra o mundo.

Bateu-se o vento, e nada mais estava lá.
A casa se fechou, vazia, e mais tarde o pequeno choro se calaria,
Esperando ouvir o som de mais um amanhã.

sábado, 7 de abril de 2012

Bla Bla Bla

Quero fechar os olhos e desaparecer, abri-los e ser um outro alguém.
Quero que o tempo passe, mas que passe a meu favor. Quero viver a vida em dias.
Sexo e violência é o que esse mundo precisa.
Que a ditadura volte a existir aqui, e que o sofrimento seja sua maior arma.
Álcool para todos, envenenem as bebidas.
Nada mais faz sentido.

sexta-feira, 6 de abril de 2012

Na Sombra dos Ventos.

O hoje é a sombra do amanhã. Uma vida é a escolha da anterior. A morte, a consequência.
Corre por onde os ventos não sopraram, eu não sairei daqui.
Então me enterra nos seus pensamentos, me mata, pois se for para acontecer, que pelas suas mãos aconteça. Eu quero isso.
Eu te amo, mas não  leve em consideração.
Sou vulnerável a ilusões.

terça-feira, 3 de abril de 2012

Fim do Mundo.

A boca treme, as palavras traem. Coração salta e se insinua, esperando que o corpo reaja da forma mais natural possível: com a loucura. As pupilas dilatam, o vento bate no rosto, tudo fica mais claro. Um beijo. A simplicidade de dois corpos se tocando pelos lábios. O tempo para e os olhos fecham. O mundo acaba.

De novo.

Falta.

E sem você tudo aqui é solidão. A luz do sol queima em vez de aquecer, e o álcool parece ser a única solução. De seu sorriso, não me lembro mais. De sua rouca garganta, saiu a voz que me deu a certeza de que não havia nada mais a ser dito, porém muito...

A fala a faltava, a morte a fitava como se a chamasse para dançar. Chamou. O fechar dos olhos tristes aconteceu antes do esperado.
Seu corpo, pálido, não demonstrava alteração. Sabia que era a última vez, então não havia surpresa. Todo o final já tinha sido contado a ela antes que fosse terminada a história. "Não há chance", ele disse. Alma desabou do corpo. Suas pernas andaram enquanto a essência permaneceu ali parada, chorando, deitada no chão em forma de súplica. Súplica para que fosse um sonho, para que houvesse forma alguma de voltar ao início, para que houvesse alguém ouvindo seus lamentos, gritados sem som. Cuspia em vão palavras ao nada, fingia que não havia acontecido. Bebeu, fumou. Esperava que acabasse, não se importava. O sentido o havia perdido, e a felicidade se despediu antes que notassem sua presença.
O luto cobriu as ruas, as pessoas não repararam. "Luzes demais para perceberem os detalhes". Ele sabia. Ele beijou a face da melancolia. Abraçou seus próprios medos, e seus medos se tornou. Viveu o que podia na hora errada. Desistiu do que valia a pena, caiu. Caiu por medo de cair. Segurou a rosa que foi repousada sobre o nada que restou. De seus olhos, uma única lágrima caiu. Escorreu pelo rosto, foi parar na terra, e daquele lugar não nasceu mais vida.
Apagou-a antes do fim. Fugiu de seu próprio ser, e se separou. Dois de um se formaram: Um deles, amargurado, concluiu-se com as pílulas. O que sobrou foi o resto: Tudo que o primeiro não queria carregar para sua pós-morte. Ele cresceu, e fugiu da memória. Se tornou a criança adulta que nunca desejou não ser. Chorava, mas aquietava-se ao sentir alguém por perto. Não se abriu, com medo de que, quando revelado, viesse o pior de si mesmo. Não havia pior. Não havia si mesmo. O que sobrou foi o esqueleto, deixado no passado. Sentiu falta de sua alma, sentiu falta do calor. Apertou-se o peito, mas nada podia ser feito. Na memória do que se tornou, os passos foram apagados. Tentou voltar, não conseguiu. Insistiu, e chegou ao início. Nada mais havia, e então o rascunho se pôs a esperar. Esperar pelo fim, que escolheu deixa-lo por último.

segunda-feira, 2 de abril de 2012

Espelhos.

A moça se arrasta no chão, andando,
Corre nas veias o veneno do escorpião.
Do telhado, grita pro mundo:
"Enquanto podem, vivam o pecado"

Pulam os ratos, fazem a festa.
Não haviam lá os escritores, pacatos,
Prontos para mais uma história de terror
Não vivenciado, insensato.

E a cor da mão do pecador, feliz,
Continua sendo a mesma daquele
Que não está lá, seria ele?
O responsável pelo pior dos erros?

Aquele que morre gritando, viveu.
Calado, não soube se expressar,
E em um som estridente, calou-se.
E a poesia fez-se do fim.

E o espelho quebra sem medir
Mechas do que foram um todo, agora.
Pedaços de um só inteiro partido,
Várias versões de um só eu fingido.