sábado, 29 de dezembro de 2012

Pecado.

Tua cor abre os olhos do desejo, e teu calor escorre pelas minhas mãos. Teus sons ecoam em meu ouvido, e todo o meu corpo treme em sincronia com o teu. Meus lábios silenciam teus gritos de libido, tua mão segura o coração e pulsa o sangue. Tua dança se torna mais intensa, e os batimentos entram em sincronia. Caio em tentação, mas me seguro no teu cabelo. Me agarro com unhas e dentes na única certeza que tenho, e me explode o peito. Empurro-te contra o chão, e deixo o mundo ouvir teu último uivar. Implodo em ti, e nasço de novo em mim.
Somos um só agora.
Dois em um, banhados no prazer da tentação.

domingo, 23 de dezembro de 2012

A Causa.

Se teu amanhecer
Não chegar mais,
E teus olhos
Não brilharem como brilhavam,
Se a sensação de
Estar sendo observada
For mais do que uma sensação,
Se tuas sombras
Forem maiores do que a tua luz,
Eu estarei lá
Pois eu serei a causa.

domingo, 16 de dezembro de 2012

Estrada.

A noite veio, e a escuridão devorou a alma. A estrada devorou a calma, e as cores se perderam no caminho. Estou em um lugar distante, onde os gráficos são ruins... Alguma falha do Criador, que não terminou o programa. Talvez aqui eu encontre o significado pra vida. Por que morremos? Por que vivemos? Ando um pouco mais, e encontro um espaço vazio. É a resposta: O mais puro nada, enfeitado com escuridão.

Víbora.

Oh, víbora imunda, indiscreta! Não tens vergonha de me tirar o fôlego? Não sentes culpa por me fazer pensar no quanto vida é vasta e burra, sem a beleza de teu caminhar? Se pedires "casa-me", eu caso, se pedires "pula", eu pulo, mas se pedires "vai", eu fico. Fico e morro, seja o que for! Pois o acaso não é tão gentil de te trazer de novo, víbora, e não sou capaz de procurar sozinho. És tua a culpa da minha insônia, do meu perder de cabelos. E de minhas lágrimas! Em ti depositei minha calma, e agora enlouqueço quando não estás perto. Pois eu te amo! Amo, e amo por amar! Como podes ser tão boa e tão ruim, que me fez nascer de vida sem sentir, mas me fez morrer ao encarar o teu olhar? Tu não és desse mundo, víbora. Tu és mais um truque de Deus para me tirar a sanidade.
E esse funciona.

quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Discos Velhos.

Eu estou sozinho.
Você pode estar aqui agora, mas daqui a pouco vai embora. Vai se embebedar em algum canto, fumar um campo inteiro... Você vai abraçar um outro cara, dar uma volta na praia, ver um filme. Tomar um banho, tirar uma soneca... Aí eu fico sozinho. Vou ficar jogando coisas na parede, deitado na cama tocando meu violão, brigando com gente insignificante no telefone, brigando com meu pai. Vou ouvir uns discos velhos e não gostar mais deles, vou lavar a cabeça pra sujar ela com besteiras.
Vou ver vídeos impróprios, e vídeos que deveriam ser impróprios. Vou lembrar de você e dos outros que foram embora, e aí eu vou falar "não disse?", mas ninguém vai responder.
Porque não vai ter ninguém pra responder mesmo, aí eu vou jogar mais coisas na parede.

segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Oração.

Senhor...
Não importa o tempo que for, o tempo sem ela não passa.
Vejo os olhos dela nos meus olhos, vejo a voz  dela na minha voz, vejo o carinho dela nos meus atos, e vejo a compaixão dela nas minhas palavras. Sou só um pouco do que ela foi, mas sou o pouco que sobrou. Sou a cópia deformada de um anjo, banhada com o rancor dos homens. Dela, sou a lágrima, o suor... Sou um filho, um servo. Troco minh'alma por chance de acompanhar essa mulher em morte, pois vida sem ela já não é vida.
E se não puder tê-la de volta, vou me rebelar; vou trabalhar dia e noite e pra construir uma escada que vai até o céu, e o que eu quero eu vou buscar! Pouco importa se me punir por sentir saudade, e desafiar vontade divina de me ver com dor! Mas se for me matar, que me conceda um favor: Na hora de minha morte, me dê um pouco de insanidade, para olhar para os céus e vê-la; vê-la me abraçando e me tirando a solidão, pois só ela que consegue. Só ela pode ver, ouvir e sentir o que eu vejo, ouço e sinto. Só ela pode curar coração, tão incurável que só Deus sabe... Só o senhor sabe, né? Então me faz isso, mas faz logo... Não sei se guento tanto tempo com coração quebrado, Senhor...

quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

É.

O ruim do bom do ruim é ruim.
O bom do ruim do bom é bom.
O ruim do ruim do bom do ruim
É melhor do que o ruim do bom do ruim do ruim.

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Efeito.

A escuridão me engole, e me sinto pisado por animais. Imensos humanos sem cérebro, comandados por um deus qualquer. Eu vejo o futuro, mas não sei fazer valer a pena.
Sou só mais um imbecil tentando fazer frases bonitas, sob o efeito de drogas que não fazem mais efeito.

Pó.

As palavras já não afetam, as letras se escrevem sozinhas. A estadia no cotidiano deixou o nariz dormente na primeira escapada e a mente doente na segunda. A vida existe, mas parou: posso ser tudo, fazer tudo e viver tudo, mas estou só. Preciso de companheiros, agentes do pó. Preciso voltar ao mundo para ter alguém agora, mesmo sabendo que só fugi dele por almejar a solidão.

domingo, 2 de dezembro de 2012

Nota Final.

Não importa o que o outro fez, importa o que você faz.
Só você é responsável pelos seus atos; você cria seu próprio veneno, seus próprios medos... Cria suas próprias mentiras e as alimenta; alimenta com as lágrimas que você deixou serem derramadas, muitas vezes até fez questão que fossem. Você sacrificou sua pureza no momento que mentiu pela primeira vez, e virou vítima de si mesmo a partir de então, pois nunca mais parou de mentir.
Você criou todos os monstros que existem em você, e só você pode destruí-los.
Nunca é tarde para mudar.

- T.

sábado, 1 de dezembro de 2012

Desejo.

Tua pele já não me encanta, tuas palavras não me preenchem mais. Tu és a mais pura mentira, vivida na mais triste realidade. Disfarça-te de verdade, e corre pelo coração de outros, querida, pois já vi tua alma de cinzas. Já vi teus tons de breu e tuas lágrimas de segredo. Já vi teu corpo de desejo; O que te falta por dentro, cabe ao prazer terreno preencher.
Mas não há tanto prazer no mundo, meu amor.