quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Loucura!


Uma vez encontrei um amor.
Fomos ao cinema, comemos pipoca e pegamos um taxi até sua casa.
Chegando lá, nos sentamos no sofá da sala.
Vimos outro filme.
Beijei-a, abri suas pernas e comecei a chupa-la.
Voltei a beijar sua boca.
Ela foi pro quarto, chorando.
Perguntei o que tinha de errado, mas ela não disse.
Pensei que ela pudesse estar louca, então olhei em seus olhos e sorri.
Abracei-a e cantei em sussurro.
"Quer namorar comigo?"
Ela aceitou.

quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Fetiche.


Por que, de todas as ideias que eu tenho enquanto o resto dorme, a morte é sempre a mais tentadora?
Acho que é mais um dos meus fetiches, se não o principal.
Por que não me chama para a dança, com um beijo terno e puro ao final?
Talvez deva me buscar em casa, me dizer o quanto estou bonito e me levar pra passear.
Me levar flores secas.
No final, posso te convidar pra entrar e tomar minha última taça de vinho.
Mas não envolva meus amigos ou família nisso de novo, minha querida.
Dessa vez, seremos só eu e você.

Reflexões de Amargura.

Que difícil é, pra ti, saber
Que te amo e, pra mim, não sofrer
Assim, por você não querer
Um velho chato como eu.

Sem sentido é, pra mim, tentar
Descobrir o que te fez voltar
A ter vida tua sem amar
Um velho chato como eu

Quão incrível o crível pode ser?
Afinal, por que não posso escolher
O amor por conta do prazer
De um velho chato como eu?

Não foi a meta principal
Mas faz sentido, afinal
Cometer erro tão banal
Prum velho chato como eu

E sempre foi segunda opção
A moça simples que me tem na mão
Que nunca viu toda a solidão
De um velho chato como eu

Como primeira, não tem lugar
Estou aqui a aguardar
Alguém que possa suportar
Um velho chato como eu.

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Porta.

Me pergunto como anda o mundo lá fora.
Todos aqueles carros velhos e sem utilidade, com metade do tanque cheio, corroídos pelo tempo...
E todas aquelas vitrines de lojas, com manequins vestidos para festas ou seminus? todos aqueles aparelhos eletrônicos de última geração, prontos para serem comprados...
E um sol infernal.
Talvez eu devesse abrir a porta...
Não, provavelmente não.
A vida aqui é tão tranquila, interessante... Cheia de segredos, configurações de privacidade, contas múltiplas, falsos perfis, perfis abandonados, esquecidos, roubados... Amigos de diversas partes do planeta, namoradas e amantes de webcam, jogos de simulação da vida real... Quem precisa de outra coisa?
Talvez eu precise.
Quem sabe criar um perfil nessa vida imaginária, uma "identidade"... Ver os restos mortais de uma sociedade que costumava pensar, caminhar na luz do sol enquanto todos permanecem em seus quartos escuros...
Talvez devesse ir lá fora e tirar proveito da solidão.
É... Talvez não.
Mas ainda existe uma pequena voz dentro de mim me dizendo "Abra a porta."
Também consegue ouvi-la?

Todas as Coisas Más.

Até onde sei, não sei de nada, e do pouco que penso saber não me faz servir pra ti. Me diz onde buscou a confiança, e coloca de volta no lugar. Ligue pra minha casa, mas não pro meu celular. Bata a porta, mas não toque a campainha. Chore, mas não sofra... Tudo menos sofrer.
Pelo amor que tens por mim, e por todas as outras coisas más.

domingo, 16 de setembro de 2012

Chá.

Não encontra a solução, espera pelo resultado do problema. É a equação final que vai dar no último fio de esperança, esquecido há anos pela humanidade de merda. Espera! Come um pouco dessa geléia, mistura com essa gororoba aqui e senta. Não tem necessidade de ir agora, a vida é muito longa... Sim, é muito longa! Eu falei aquilo pra eles antes de irem, falei mesmo. Foi assim: "Se vocês querem viver mais, pensem um pouco menos." E o que deu? Merda! Não poderia acabar diferente, né? Ah, ainda bem que você está aqui, ainda temos tempo para mais um pouco de chá.

Teto Preto.

Minha garganta chora o medo do silêncio, e as pontas de meus dedos procuram tua pele. Derrubo as pálpebras e ouço teu choro, corro cego e tropeço na realidade. Não poderia querer, imaginar ou sofrer, a consequência é sempre igual. Minha mão consegue sentir as batidas do relógio da tua esperança, mas sou incapaz de levantar. O amor não sabe, mas a mente já desistiu antes mesmo de começar a andar.
Eu sinto muito.

sábado, 15 de setembro de 2012

Diário (I)

15/10/1999

A ressaca me acorda, e o frio parece vir de dentro da espinha. Olho a hora, ainda não passou de meio dia.
Tento voltar a dormir e não consigo.
A lembrança dos pecados de ontem ainda lateja na minha cabeça.
Levanto da cama, cheiro um restinho do pó branco em cima da bancada e me sinto mais disposto a trabalhar.
Pego uma folha e começo a escrever esse conto.
Ainda não terminei.

P.

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Erro de Equação.

Existe um vírus na humanidade.
É algo bem grande e bem significativo, mas ninguém parece notar.
É tudo aquilo que dá errado, que desmotiva, que nos impede de pensar... A razão pela qual seguimos uma massa, que seguiu uma massa anterior, e assim vai. Não evoluindo, mas entrando em um processo de "desevolução". Um ponto em que não há nada a ser feito, senão esperar até voltarmos às árvores.
Parece que não vai demorar muito...

terça-feira, 11 de setembro de 2012

Teatro.

A apresentação começa, e a tristeza se esconde entre as máscaras do entretenimento. O câncer se espalha enquanto todo mundo bebe, e ninguém percebe que o que fede é você. Dança no ritmo da multidão e separa o certo de tudo que você não quer saber. Come na mão da platéia e sorri com algo entre os dentes.
Bebe, passa mal e coloca tudo pra fora.
O resto aplaude.

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Fim da História.

    Então,
 sem
    mais,
        sem
menos,
  sem
    nada,
     Ele
   se
 foi
   pra
 sempre,
  deixando
apenas
  algumas
 lembranças
            e
     uma
escova
   de
    dentes.

quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Queima Aqui.

Vive do medo, e morre dele também.
Se esconde sob a terra, e tropeça nas suas incertezas, que sempre parecem estar fora do lugar.
Como você convive consigo mesmo?
Come o necessário, exercita-se o necessário, aprende o necessário e vive a necessidade.
Abandona o prazer, e escraviza a liberdade. Mata a solidão com consolos de conhecidos, mas vive tão longe de si que se queima com a luz do sol.
"Ele nunca vai se tornar ninguém." - Disseram.
"Ele já foi alguém, mas a covardia o matou."

Nada Não.

Pega na mão do amor, e dança ao som da desilusão.
Chora em sinal de negação, e o infeliz deixa cair o anel.
A confiança não quer, e a confiança não consegue.
Se acha no mundo que segue, em um barquinho de papel.

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Paradoxo.

Tuas bochechas cabem na minha mão, e meu sonho encaixa no teu olhar. Tua história me faz rir, e teu sorriso me faz chorar. Nada do que vem faz parte do que eu tinha, e todo o nada que existia parece significar. Queria não te ver, não te ouvir, não te ler e não te ter. Quero sua existência bem longe de mim, pra não poluí-la com os meus pecados. Quero teu corpo no meu, e estar longe antes disso acontecer, pois não suportarei te desgrudar de mim, ou ficar acordado pra matar a insônia... Beber pra ficar sóbrio e comer para me sentir vazio.
Quero o querer, desejo o desejar, pulo para cima e caio para os lados. Sou maior por dentro do que por fora, menos por dentro do que por completo.
Sou um grão de areia, abraçado pelo sal das lágrimas que escorrem de volta para os meus olhos.
Te espero no passado.

Tente não demorar.

Gira-Gira.

A terra gira, os peixes nadam e tudo permanece em perfeita sintonia.
A vida vive, e a morte morre, a verdade vira mentira e a mentira vira passado.
O amor acaba mal e o ódio acaba bem, o mundo vira de cabeça pra baixo.
E continua a girar.