quarta-feira, 28 de agosto de 2013

Gripe.

Atordoa minha mente, diz o que ela sente mas não sente. Joga, perde, volta, luta, mata! Isso mesmo, Mata! E quando você vê que não tem mais solução, passa a andar na contramão desviando de melhoras, se afogando em travesseiro e comprimidos. Finge que está bem e vai trabalhar, finge que não fingiu e dorme pelo cansaço que o dia te deu. Pensa que vai passar logo, mas deixar pra lá faz demorar mais. Tudo demora mais agora, e o que você quer é só o fim. Mas não adianta mais chorar, meu amigo! Você colhe o que plantou, e plantou essa rotina.
Essa gripe é mesmo do demônio...

terça-feira, 27 de agosto de 2013

Nada Mesmo.

Se o que quero
É só querer
E nada mais
Senão Querer
Nada quero.

Se o que preciso
Está em precisar
E nada além
Do Precisar
De nada preciso.

Se nada quero
Senão precisar
E de nada preciso
Senão querer
Nada sou.

segunda-feira, 26 de agosto de 2013

O Medo.

A loucura de qualquer homem não vem de instinto ou de nobreza. Sem bondade ou sutileza, é o medo que acaba com a mente, que nem sente quanto medo tem pra dar antes do fim. E é do fim que bem vem a loucura de qualquer homem! Acaba com a gente o medo que a gente mente que não tem. Mas se não tiver, não enlouquece, e se não enlouquecer, não vive. É o medo da morte que tem o homem que não quer temer. A certeza do fim, que mete medo quase sem querer.

domingo, 18 de agosto de 2013

Ruína.

Que reparem meu pesar
Meu penar em asas negras
Não me enfeitem de heroísmo

Não deixem de condenar
Meus atos sujos e podres
Pois sou tudo que erro

Que equilibrem na balança
Lamúrias e desfastios
Causadas pelo meu andar

Preparem a minha causa
Avisem aos inimigos
Pois o fim já não me teme

Que as águas desse mundo
Bebam toda a minha falta
De mim, nada mais terão.

segunda-feira, 12 de agosto de 2013

Transe.

Me levanto às cinco da manhã.
Estou preso pelas correntes do medo.
Abro a geladeira, respingo o resto da garrafa no copo.
Fecho a geladeira.
Só preciso do amargo do álcool para conseguir engolir o amargo da vida.
Volto a dormir.
Fecho a geladeira.
O sonho é só mais um estado de espírito.
Viro o copo.
Me levanto às cinco da manhã.
Não existe um amanhã.
Ah...

Reis e Rainhas.

Somos reis e rainhas do mundo
Cercados por epifanias
Infestados pela peste
Corroídos pela ganância
Esculpidos pelo Diabo
Socorridos pela esperança
Avisados pela consciência
Banhados pela guerra
Atormentados pelo amanhã
Coloridos pelo caos
Administrados pela dor
Assombrados pelo passado
Maltratados pelo tempo
Abandonados por Deus
E destruídos pela vida.

terça-feira, 6 de agosto de 2013

Pessoal.

 - Está triste? - Perguntou meu parceiro, curioso pelo meu silêncio repentino.
 - Não. - Respondi.
 - Está feliz?
 - Não... Apenas pensando.
 - Pensando no que? - Insistiu ele, curioso.
 - Pensamentos pessoais.
 - Há! - Deu um riso cínico, mostrando sua prepotência. - Todos os pensamentos são pessoais, tolo!
 - Discordo. - Disse eu, tentando voltar à minha linha de raciocínio. - Eles só são pessoais enquanto eu não os divido com mais ninguém.
 - Pessoais e próprios, mas podem ser divididos! - A essa altura parecia persistir só pelo prazer de se mostrar superior.
 - Errado. - Acrescentei. Não gostava daquele jogo, mas me senti na obrigação de corrigí-lo. - Quando os compartilho, deixam de ser somente meus para tornarem-se parte de um coletivo. No caso: você. Além disso, ao escutá-lo, também cria dentro de si a cópia do pensamento, substituindo os termos "próprio" e "único" pelo que se pode chamar de "comum".
Meu parceiro calou-se por alguns segundos e vi que analisava minha afirmativa.
 - Você sofre do mal da juventude - e, ajudado por mais alguns segundos de silêncio, acrescentou: - O mal de querer discordar de tudo.
De primeira instância, considerei que a mudança de foco talvez fosse pelo estado de sono em que se encontrava, pois subiu para o seu quarto logo em seguida. Conhecendo o sujeito, porém, considerei a possibilidade de seus argumentos haverem acabado, mas por orgulho não o admitira.
De qualquer modo, ainda estou absorto demais em meus pensamentos para dar a esse enigma um minuto a mais da minha atenção.

segunda-feira, 5 de agosto de 2013

Quisera o coração amar...

Pro inferno todos vocês! Já disse e repito, em alto e bom som: em sã consciência, nenhum anjo ou demônio trocaria minh'alma por um punhado de arroz sequer, e ainda assim rezo todos os dias pra que não nos levem pro mesmo purgatório! Ah não... Que me castiguem oitenta vezes mais, mas que não me ponham de frente aos meus criadores! Estes, por mais tolos que sejam, deviam implorar o mesmo, pois farei questão de os torturar o tanto que tiraram de mim. Oh, minhas doces paixões... De tanta amargura que o mundo me deu, tão amargo fiquei! Se ao menos pudesse voltar atrás e refazer cada uma... Poderia então morrer de amores enfim! Anseio a morte, por pior que seja; nada pode doer mais do que a falta que o coração faz... Ah! doce inocência... Venha me buscar de novo, pr'eu poder fechar os olhos tão secos de choro... Estão tão cansados de amar, inocência...

Beberrão.

Tampouco dispõe de piedade quanto de saúde. O doente só sabe beber, e parece que gosta disso; onde já se viu! Moleque bastardo afogando as mágoas que nem viveu! Ah, mas um dia ele aprende e toma juízo... Caso contrário, vai acabar tomando veneno de rato pensando que é álcool... O coitado já não sabe diferenciar claro do escuro, saindo de madrugada pra passear ao sol... E dorme até o anoitecer, veja só! Gasta dinheiro pecando, e gasta pecados rezando. Que ficasse em casa; ao menos serviria de companhia fúnebre no luto dos que já o amaram. Um dia vai desistir de cobrir o amargo na alma com o amargo na boca, aí ele vai ver! Mas por enquanto continua tentando, e ai de quem tentar pará-lo...

sexta-feira, 2 de agosto de 2013

Saber - Viver - Morrer.

Parte 1: Conhecimento.
Quanto menos ignorante sou, mais desejo que tivesse permanecido ignorante.
Devo acreditar, no entanto - talvez até para maior eficácia de espírito - que o processo inverso ocorre também com os pobres de intelecto, comprovando a teoria de que o ser humano é de eterna insatisfação.

Parte 2: Vida.
Nesse caso, não devo me preocupar em aprender ou não aprender, visto que qualquer caminho que eu tome levará ao mesmo resultado: uma vida quase que inteiramente sofrida, regada por pequenos momentos de felicidade.
Tal sofrimento só será cessado pela consequência natural dessa vida: a morte.

Parte 3: Morte.
A morte, portanto, é outro fato no qual estão submissos todos os seres pensantes - considero estes todos os seres vivos, visto que todos possuem um sistema "lógico", sob maior ou menor complexidade - e a ela não devemos atribuir importância menor do que a vida em si: embora curta e repentina, é a única medida da própria existência.