sábado, 24 de setembro de 2016

Pílulas.

Eu nunca sei quando vou acordar de manhã e ceder à vontade que eu tenho de cometer suicídio. Mas não, eu não estou triste. Não estou feliz também, mas acho que o problema é esse: eu não sinto nada. A raiva já não governa os meus socos contra a parede e as substâncias já não me levam para o meu País das Maravilhas. Queria voltar no tempo e pedir desculpas a todos que feri, mas não posso. Queria te dizer o que eu sinto, mas não importa. De alguma forma, eu sou capaz de depositar minhas esperanças em todas as oportunidades erradas que eu encontro, então acabo do mesmo jeito que comecei - ou pior. Às vezes nem meus textos eu consigo terminar, então quem sou eu? Já não sei mais se escrevo para eles, para mim ou para ti; queria que minha vontade tivesse a decência de voltar ao lugar onde pertence. Aí eu reclamo, logo eu!, mas ninguém entende. Talvez pensem que eu vivo harmonicamente com meu dinheiro em abundância e alguns espaços em branco nos cantos da minha mente, mas é justamente o contrário: se eu pudesse desistir de todo o dinheiro do mundo para beijar-te a boca uma última vez e tomar alguns comprimidos antes de dormir pra sempre, eu estaria realizado. Meu objetivo, seja ele qual for, já está completo. Meu coração é poesia e meu corpo é só uma casca, então que tudo se desfaça na infinitude do tempo ou na eficácia dessas pílulas.

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