sábado, 15 de julho de 2017

Compostura.

Comecei a vida fazendo, mas meu sonho er'escrever.  Arrisquei a sorte nos contos, errei e desisti. Comecei a escrever eventos, detalhes e acréscimos, entalhes de revista e lacunas de jornal, cansei. Cantei a nova bossa na manhã serena, aplaudiram e choraram sem querer, viram que eu podia oferecer alguma coisa nova além do MPB. Mas se eu falhar, o que há de vir a ser nessa pintura? Perco a pose e a compostura só de pensar, mas aí eu vou pedir. Vou chorar com meu pedir, mas vou pedir. Jamais vou desistir, mas e se for? É direito meu ser vendedor de flor numa cidade que proíbe poesia. É de encargo meu a nostalgia pr'essa burguesia triste e sem sal. E mesmo salgada a vida, engulo a verdade compriiida que me obriga a desandar. E pra ajudar a vencer a fadiga, eu compro bebida pra sala de estar. Agora eu vou poder cantar até o sol raiar, mas não mais que isso. Me enterro no colchão de pedra e torço pra não levantar. A exceção me dita a regra e logo eu volto pro lugar. Vou trabalhar, vou trabalhar, vou trabalhar.

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