domingo, 19 de janeiro de 2014

Judite.

Por que seus dentes tortos não me saem da mente? Seus cabelos secos e mal cortados, suas roupas velhas manchadas de água sanitária. Ah, Judite... Acho que estou apaixonado por você. Minha mãe sempre dizia que eu só me apaixonaria uma vez na vida, e olha o que acontece: me apaixono pela empregada.
Tudo começou quando eu provei o seu feijão. Antes disso, as camisetas que mostravam seu decote não me incomodavam, seus shorts apertados não me davam vontade de sentir suas coxas grandes. Sentir seu cheiro nas minhas roupas é angustiante, ouvir seu canto desafinado no chuveiro me faz imaginar sua nudez entrelaçada à minha. É por isso que eu não quero te dar férias, Judite. Eu quero te ver sempre aqui comigo. É por isso que eu não paguei o décimo terceiro, nem assinei sua carteira, nem deixo você ir embora na hora que deveria.
Eu sei que errei, que eu não devia ter sido tão duro contigo. Por favor, não seja tão dura comigo e retire esse processo contra mim. Eu sei que você ainda pode falar com seu advogado e resolver as coisas.
Já basta a dor que vou sofrer por não ter você por perto...
Estou com saudade, Judite.

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