quinta-feira, 19 de março de 2015

Baby, Baby...

Ela me cumprimentou com um tiro no ombro e outro nas costas.
"Por que isso, baby?"
Um tiro na mão. Pode ter certeza de que qualquer um que atira na mão não sabe o trabalho que dá pra reconstruí-la.
Mas eu sei.
"O que aconteceu, baby?"
Ela apontou pra minha cara e pensou em atirar. Seus olhos ardiam em lágrimas, mas eu não tinha certeza se ela sabia de alguma coisa. começar a pedir perdão agora por algo que ela NÃO SABE que eu fiz é o jeito mais fácil de voltar pro inferno.
"Só conversa comigo, amor, o que eu fiz?"
"você comeu essa piranha?"
"quem??"
um tiro no teto e eu fiquei surdo. foi uma boa hora pra eu ficar surdo porque ela começou a gritar e chorar mais. eu não sabia o que responder, eu ia levar mais um tiro.
mas aí eu pensei: onde ela conseguiria uma arma? Não poderia ser com o JK, ele está de férias em teresópolis. o Zeca me contaria se vendesse uma arma pra ela e ela não conheceria o meu fornecedor.
só poderia ser o...
"você tem saído com aquele tal de Jonas?", perguntei.
ela não respondeu.
"responde."
"e se eu tiver saído, qual o problema?" ela falou, apontando a arma pra minha cabeça e tremendo.
"você deu pra ele, não deu?"
os olhos dela começaram a se abrir e pingar, pingar e piscar e a arma começou a tremer. peguei a arma com calma e coloquei pro lado.
"quando foi?"
"segunda..."
dei-lhe um tapa na cara e fiz uma cara de puto.
"quando você deu pra ele pela primeira vez?"
"eu não dei pra ele!"
uma coronhada do lado da cabeça. é só o que se precisa.
"começou em janeiro", ela disse, "eu não queria mas ele ficou insistindo e falando que você me traiu..."
outra coronhada. eu não gostava do cara; nunca gostei, mas não odiava também. é incrível o que o amor faz porque agora eu queria matar o filho da puta. eu não queria mais comer a Luciana, a Geisy ou a Carol, tava pouco me fodendo se ele estava ou não certo sobre mim. mesmo se estivesse, isso não lhe dá o direito de comer a minha mulher.
ela me deu o endereço e eu fui até a casa do tal Jonas. ele abriu a porta com cara de babaca e perguntou quem eu era.
Eu o cumprimentei com um tiro no ombro e outro nas costas.

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