segunda-feira, 18 de janeiro de 2016

Centavos.

De repente eu me sinto uma moeda de dez centavos que caiu num bueiro da rua mais movimentada do Rio de Janeiro. Eu com meu cigarrinho amassado no bolso de trás e dez reais jogados de qualquer jeito na carteira, eu com a roupa amassada de ontem e com o hálido de sexta-feira. Eu que me apaixono por cada par de seios que esbarra comigo na rua e me joga um sorriso despretensioso. Sou o mesmo cara que acabou de ser deixado no esgoto junto aos ratos, o mesmo verme que se matou sem morrer de verdade - ou que morreu de verdade sem precisar se matar. Sou um pontinho flutuante de poeira universal flutuando pelo universo, sou uma moeda de cinco centavos sendo arrastada pelo esgoto — e eu nunca me senti tão bem.

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