segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

Cores de um quadro cinza.

E então, às sete e meia da manhã de uma segunda-feira abafada, seu peito se abriu — sem mais nem menos — de dentro para fora, espalhando emoções por todas as paredes do quarto. José já não era o porteiro, o trocador, o taxista ou o poeta. José era a própria vida, espirrando cores e lágrimas por cada canto daquele quarto cinza. Talvez fosse tarde demais, alguns diriam, talvez agora, depois de tudo, de nada mais valha a morte — ou a vida — desse pobre josé-sem-nome, mas não pra ele. José deitou, tentou ajeitar-se, de peito aberto, e desabou em lágrimas. José agora era livre para chorar, então sorriu. José agora era livre para viver, então morreu.

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