terça-feira, 8 de março de 2016

(sem título)

Começa como uma sensação de perda, como se algo tivesse sido deixado pra trás numa cafeteria ou no ponto de ônibus, mas onde foi? E aí você começa a se perguntar a quanto tempo tem sido assim, tudo cinza. Percebe que todos os seus amigos notaram, de uma forma ou de outra, que o mundo não é aquilo de antes, que os prazeres já não têm gosto, que a vida não tem sabor. Mas onde foi que eu esqueci a minha dor? Nela habitavam todas as minhas lembranças ruins - como aquela em que você derramou café na minha perna de propósito, lembra, amor? - e também as boas. Afinal, não existe nada de extraordinário na felicidade sem a tristeza. Não há valor na companhia sem a solidão para lembrar sua falta. Não há valor no sorriso que não derramou lágrimas e, mais importante, não há valor no guerreiro que não fracassou em batalhas.

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