sábado, 13 de outubro de 2012

Sofás, Móveis e Estática.

Respingo pinceladas sobre a tela, apesar dos resmungos silenciosos da tinta. A tela se sente refrescada, e o pincel sente que devia estar trabalhando em outro lugar, com um salário melhor e com uma carga horária maior, em vez de ficar parado quase o dia inteiro sem fazer nada.
A parede acha que toda essa "arte" é encantadora, mas ela é só uma parede, e ninguém a leva a sério.
O sofá discute com a parede diariamente sobre a filosofia da pintura, e sobre o simbolismo das cores.
O sofá também tem opiniões fortes sobre a revolução da classe operária, mas ninguém ouve suas idéias.
Talvez por ele ser amigo da parede.
Uma das lâmpadas está tendo uma crise existencial, e as outras realmente não estão nem aí pra nada.
O armário é um cleptomaníaco, e começou a esconder as coisas que ele considera mais legais no final das gavetas.
Paro por um instante, tomo o café.
O café não parece gostar muito disso.
Aos poucos eu vou entendendo que passei a vida toda vendo esse mundo do jeito errado.

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