segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

Resto.

Eu estou existindo dentro de um canudo de plástico, pois sou resto do que sobrou da bebida de alguém. Não é nem Coca-Cola, por sinal: é Pepsi. Como se não bastasse ser resto, sou resto de "pode ser". Mas se não eu, que outro resto seria? Que outra parte de alguém seria capaz de pensar tudo que penso e sentir tudo que sinto? Há algum outro capaz de exercer tal função como eu? E se há, onde está? Não posso sair e gritar para o mundo, denunciar minha presença. Não tenho boca, fala, voz. A que isso me leva? O que é a vida pra mim, senão um canudo de plástico? Sou parte de algo que não criei, não pedi pra estar aqui e ainda assim sei muito pouco de onde estou: Quem era esse alguém? Qual é a história dessa pessoa? O que há do lado de fora desse lugar? Sou uma gota, mísero pedaço de qualquer coisa, me perguntando porquês e poréns de uma existência sem sentido. E o pior? Estou em casa, sem nenhuma previsão de futuro ou esperança, ocupado sendo resto de outra pessoa.

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