domingo, 26 de julho de 2015

amarelo

ela é só uma moça bonita de olhos claros
e quadris largos, simpatia incomum
com uma roupa solta, amarela
e esses quadris largos, uma
lan-ge-rrí de seda
decorada com os meus desejos
devorada pela volúpia
dos vagabundos bêbados de esquina
mas eu não sou eles, não
sou de beber nem nada, tenho casa
com mobília e mulher
mas se ela fosse minha
mulher, tudo seria resolvido e absolvido
talvez eu conseguisse um bom divórcio
se formos parar pra pensar
nas circunstâncias, qualquer pessoa
entenderia que eu quero esses olhos claros
e essas roupas largas, soltas, amarelas
como o nascer do sol que está por vir
como os prazos que eu terei que cumprir
pra escrever esse poema bobo
pra ressarcir meu editor escroto
pra fugir do que é parte de mim
(esse amarelo da sua roupa).

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