sábado, 9 de julho de 2016

Eco cotidiano

Sinto que tem algo errado. Acordei hoje sóbrio, sem dor de cabeça, sem dores randômicas nas juntas ou em qualquer outra parte do corpo. Ando até a cozinha e preparo uma caipirinha.
Caipirinha é um drink típico do Brasil. Não sei exatamente por que diabos misturar limão, cachaça e açúcar deva ser motivo para qualquer orgulho patriótico desnecessário, mas sigo sorrindo se algum gringo me pergunta se eu sei fazer caipirinha. Sei que gringos não são burros, sei que as escolas em países mais desenvolvidos são melhores do que as nossas, mas devo dizer: alguns deles se esforçam.
Terminei minha caipirinha e fui pra piscina. Nada pra fazer no sábado. Nada pra fazer no domingo, na segunda e et cetera, mas eu gosto de viver um dia de cada vez. Ainda na piscina, sinto que algo falta em mim. Alguma coisa foge do cotidiano não-normativo que eu gosto de manter com o meu corpo.
Acendo um cigarro.
Pronto, agora tudo está bem. Acredito que aquela sensação de antes era só a falta que a nicotina faz nos meus alvéolos. A falta da falta de ar que me causa é, devo dizer, desesperadora. Estou um pouco embriagado agora. Dou outro trago no cigarro. Matar-se não é nada mais, nada menos que viver. A música que os pássaros fazem no meu ouvido não é mais preciosa do que o estalo que o tabaco faz ao carburar na minha boca, que as trepidações do gelo fazem no meu copo.

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