segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Eu.

Você sabe quem eu sou?
Você sabe o que fiz, por onde andei?
Sabe o que não fiz?
Então aprenda.
Estou farto de criaturas patéticas, vermes que não sabem de absolutamente nada e não tem nada a acrescentar ao mundo. Estou farto de imbecis tentando se passar por cultos, vadias tentando se passar por santas, dinheiro tentando se passar por felicidade.
Estou farto desse mundo.
Você, verme. Eu não quero a sua presença e não ligo para suas respostas feitas. Eu não a matarei, não por me preocupar em me rebaixar por tão pouco nem nada desse gênero.
Eu não a matarei, e não será pela sua insignificância ou por pena.
Eu não a matarei porque não posso, ou o faria.
Te puxar os cabelos e mostrar o que é a maldade, crueldade. Quase te matar e te deixar trancada. Te amarrar e oferecer um copo d'água, fazer um humilde gesto e fingir que estou arrependido, uma confissão falsa, talvez duas.
São todas peças, minha humilde inquilina. Peças de um jogo que só faz sentido pra mim e para os outros como eu.
Ver sua esperança brotar novamente e se quebrar ao perceber que eu a finalizarei do mesmo jeito.
Ver o brilho dos seus olhos desaparecendo diante da escuridão da minha alma.
Ver a luz do seu espírito se apagando diante da minha faca enfiada entre as suas costelas.
Perfurar seu coração. Existe maneira mais poética de morrer?
Talvez exista.
Mas é tarde demais para pensar nisso, mesmo se conseguisse me ouvir, mesmo se conseguisse dizer uma palavra.
Fico pensando.. Você nunca amou e nunca foi amada, existe algo mais deprimente do que isso?
Meu Deus! Eu não sei como você convive consigo mesma.
Eu não consigo, como você faz?
Não é só colocar um sorriso na cara e sair andando, você sabe.
Não adianta fingir felicidade, não adianta pensar que tem amigos, não adianta fingir que está tudo bem.
Mas do mesmo jeito, deve ser uma experiência incrível pra você, que achava que podia tudo, descobrir que não é bem assim.
Não se pode evitar a morte, certo? Não essa morte.
Como disse, não vou te matar.
Você continuará viva, dentro de mim e de alguns menos afortunados que te conheceram.
Essa morte é meramente simbólica.
Até porque, se formos falar de morte, sabemos que esta já aconteceu há muito tempo, não sabemos?
Eu sei, eu sei.
Você tentou, e tentou de verdade.
Mas é seu sangue que está nas minhas mãos agora, e não o contrário.
São os seus olhos, o eco da sua voz deixando sua boca aos poucos, seus lábios.
Beijo-os uma última vez.
É a sua boca, seu corpo frágil deitado sobre o chão frio.
Minha faca, seu sangue.
Sou eu, meu amor. Não precisa acordar agora.
Feche os olhos e tudo ficará bem.
Eu prometo.

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