quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Fim

Tão sozinho...
Em seus olhos, perco minhas últimas memórias. Deixo-as no passado junto com seu nome, que se ecoa em minha boca esperando ouvir o som da sua voz, e a esperança quebrada pelo silêncio.
Sentir que cada abraço seu pode ser o último, que a noite pode devorar sua vida e a escuridão pode revelar a solidão completa e infinita. Sentir que um dia posso nem lembrar ao menos o que foi a sua mão na minha, seu choro ao descobrir que nem tudo estaria sempre bem, seu desespero ao descobrir que eu ficaria sozinho, exatamente como estou agora. Encontrar seu ombro enquanto lê um livro, conversar sobre algo desimportante o suficiente para não interromper sua leitura, reclamar sobre isso. Estar ao seu lado, mesmo que brigando com você. A saudade que sentirei mesmo da raiva que sinto quando não me deixa fazer o que eu quero. O seu olhar cansado de tentar fazer de tudo para me deixar feliz, e o meu jeito insaciável de procurar a felicidade em momentos, deixando os momentos fúteis com você escaparem, os únicos que me deixariam realmente completo mais tarde. Estar longe esperando que você esteja bem, ouvindo seu choro disparar as minhas lágrimas. Quebrar em silêncio por não ter coragem de enfrentar o que eu penso ser o sentimento mais profundo que já senti em toda a minha vida. Medo de chegar perto demais e me queimar, de perder a cabeça e enlouquecer. Perceber que outros estão mais próximos de você do que eu, e tentar ignorar para não me machucar. Ter esse vazio me corroendo, me arranhando por dentro, me fazendo cuspir os mais profundos lamentos de silêncio, sujos de sangue. Cortar meu peito e deixar escapar o que ali restara, intacto apesar dos infortúnios: a luz da esperança, que vai desaparecendo no final do túnel.

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