quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Sou.

Sou só um rascunho do que já fui. Sou aquele resto de comida que sobrou no prato. Sou uma ameba. Sou uma sombra, um verme, um chiclete, um babaca. Sou tudo que sempre quis ser, e tudo que você quis que eu jamais fosse. Eu sou uma barata, perdi a minha essência, minha cor. Perdi o meu brilho, se é que tinha algum. Perdi o eu mesmo, que cavava a superficialidade até encontrar algum tesouro maior. Ando sobre o mundo, e o mundo gira ao meu redor. Domino a vida, mas não o que acontece. Sou completamente independente de tudo e todos, mas não consigo prolongar o bom, ou encurtar o mal. Eu estou ciente de quantos gostariam de estar no meu lugar, e estou ciente de quantos o odiariam. Eu sou só mais uma migalha de pão jogada para os peixes. Sou a chuva de verão. Eu quero a vida, quero o medo. Não encontro. Eu sou o medo. Eu sou o coração que deixa de bater com a ausência dela. Sou um romântico. Sou um sentimental que nunca aprendeu a demonstrar. Sou um escritor, um poeta. Sou nada mais, nada menos do que o nada. Um nada tão completo e tão profundo que nada que passar ao meu redor vai me afetar, me fazer mais do que acho que sou. Acho que sou só um homem andando na contramão, procurando a escuridão enquanto todos andam em direção à luz. São só insetos atraídos por uma felicidade falsa, procurando o sol. Talvez eles saibam que aquilo não é o que procuram, mas tentam se enganar, e quando tentam, acabam se queimando. Eu sou aquilo que me desenharam pra ser. Em linhas tortas faço meus próprios caminhos, e não deixo nada interferir nisso.
Sou o que sou, e nada nem ninguém nunca vai me mudar.

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