terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

A Criança Que Perdeu O Sorriso

Não vejo mais a Lua. A escuridão da noite não me assusta mais, e a luz da manhã só me lembra do quão igual tudo é sem você. Perdi tudo que tinha por não dar valor a mim mesmo. Eu choro, mas ninguém me ouve. Eu só queria que você me ouvisse, e me acolhesse no seu abraço. Desabafo com pessoas aleatórias, que não se importam, porque eu tenho medo que se importem comigo. Eu tenho medo de decepcioná-las assim como fiz com você. Eu não sei se sou bom, mas não acredito que tenha tanto de ruim assim em mim para merecer tal punição. Será que eu nasci pra ser assim? Será que meu lado humano se perdeu? Tudo que enxergo agora no espelho é o reflexo de tudo que eu sempre quis me tornar. No entanto, por que isso parece tão errado? Por que tanto esforço para me tornar um monstro, para descobrir que o que eu queria de verdade era só voltar a ser como antes? Em minha memória, não vêm mais lembranças. Será que já estou esquecendo do que foi você? Eu só choro, entristecido da saudade, por segundos, antes de me distrair com alguma outra coisa. Por que não posso simplesmente fazer meu coração bater de novo? Por que não posso simplesmente amar? Por que é tão difícil esquecer o que me faz mal? O que me torna o que eu sou agora, e por que não posso destruir?
Eu quero seu sorriso, suas lágrimas. Eu quero qualquer coisa que venha de você, mas quero que venha. Eu quero a memória no presente, e o presente eu não quero mais. Eu quero que tudo aquilo que fiz e disse seja refeito, e não me importo se isso muda quem eu sou hoje, porque quem sou hoje já não vale nada mais.  Será que, em alguma outra realidade, isso seria diferente? Preferia reclamar sem saber que era feliz, do que perceber que essa felicidade já passou, e não vai mais voltar. Perceber que você não vai mais voltar. E eu me sento aqui na cama, com lágrimas nos olhos, por não saber mais o que fazer. Eu não quero mais ninguém do meu lado, eu não quero mais ninguém perto de mim, porque a única pessoa que eu queria a vida levou. E a raiva que sinto de mim mesmo por desperdiçar o tempo que foi-me dado é quase tão grande quanto a raiva que sinto da morte por não ter me levado no seu lugar.
Hoje eu sou uma criança. Me sinto indefeso, estúpido e completamente ignorante sobre o futuro e a felicidade.
Somos todos imbecis, por passarmos a vida procurando algo que está bem debaixo do nosso nariz, e só percebermos quando isso vai embora.

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