segunda-feira, 14 de setembro de 2015

Cravos.

Começo a me perguntar se sempre fui esse verme rastejante que hoje sou, mas o estômago logo reclama e a vontade volta a me assombrar. Minha cabeça me pune e punge toda vez que tento pensar demais, meus dedos doem enquanto as palavras saem, e a parte de trás dos meus olhos não quer mais ver luz. Levanto-me, caminho até o banheiro, olho-me no espelho e vejo um enorme monte de merda. Quando foi que eu cheguei aqui? Eu tinha uma família, amigos, trabalho e era feliz. O que me fez optar pelos sussurros da esquizofrenia, senão ela própria? Olho de novo e vejo uma pequena mancha rosada no meu ombro. Me inclino para descobrir que se trata de um cravo inflamado. Espremo-o, fazendo com que minha pele libere um líquido branco e viscoso. Espremo-o mesmo sabendo que isso só vai piorar o aspecto da coisa porque eu não me importo. Nada importa enquanto a vontade estiver aqui e, enquanto esse veneno me pertence, eu serei meu principal carrasco: vivendo de cravo em cravo e me perdendo em meus reflexos.

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