domingo, 22 de novembro de 2015

Gordo.

Um homem gordo está em pé na minha frente no ônibus, me olhando com uma feição melada de suor e desespero por estar levantado em um ônibus sem ar condicionado.
Mas ele tem uma mochila.
Eu poderia me oferecer para segurar a mochila desse indivíduo que não acrescenta nada à minha existência e então, discretamente, eu furtaria seu dinheiro e seus documentos e pensaria depois no que fazer com eles.
Mas eu não ligo.
Talvez esse seja o meu problema afinal com todas essas pessoas. Parece que cada bípede nu que eu vejo é menos perspicaz do que qualquer animal mostrado no Animal Planet ou National Geographic Channel. Evoluímos? Sim, alguns. Como fruto da evolução, temos o potencial para levar essa raça imunda à paz e aos avanços tecnológicos e filosóficos.
Mas não conseguimos.
E não o fazemos por uma ideia gerada desde cedo no inconsciente humano. Uma ideia que nos impede de deixar outro de nós cair, superpopulando o mundo e deixando seres-humanos como aquele gordo em pé no ônibus lotado: essa ideia é a pena e o senso de responsabilidade moral que temos por esse mesmo gordo.

[Eu não tive tempo nem paciência para escrever mais do que isso porque o meu ponto estava chegando. Outra hora eu termino esse texto - ou não.]

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