terça-feira, 11 de março de 2014

O único porquê.

Passei a mão em seus cabelos e senti a suavidade de sua essência. Em seus olhos, vi a solidão na inocência, o vazio na calma, o abandono na ignorância. Tal ser, tão frágil e belo, se destruirá aos poucos pelas dores do mundo. Seus lábios perderão o gosto, sua pele deixará a cor, sua alma enferrujará a melodia dos mil anjos que a compuseram. Os doces serão trocados por cigarros, a água pelo vinho, a brincadeira pela luxúria. Pouco a pouco, até a mais bela criatura deixará de existir para dar lugar à mais esdrúxula aberração de Deus. O único impedimento - e também meu único porquê - é a morte.
No fim, todos nós morreremos, querida.
Por que não agora?

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