quinta-feira, 16 de outubro de 2014

sem título

Minha pele já apodreceu nos teus lençóis e as moscas já rodeiam tuas lembranças. Meus restos se encontram espalhados pelo chão, pelas cômodas, pelas quinquilharias. Meu pulso só existe na memória do seu medidor de pressão, minha voz só existe nos ecos desta casa velha. Meus olhares estão por toda parte, mas não sobrou ninguém pra admirar. Teus cabelos, metamórficos como tuas vontades, já não aparecem pelos cantos como fantasmas da tua presença. Meu coração já se decompôs, meus ossos foram comidos pelo tempo, minha mente foi corroída pelo desvario. Não ando, não durmo, não como. Em termos gerais, não existo. Minha solidão perdeu o sentido porque não lembro como é não senti-la.
Ainda tem alguém aí? Sobrou alguém pra me ajudar?

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