sexta-feira, 8 de maio de 2015

Procura-se.

Você está sozinho?
    To procurando alguém.
Quem?
    Não sei ainda.
Como assim? Uma pessoa qualquer?
    Não, um alguém específico.
E essa pessoa tem nome?
    Tem... Qual o seu nome?
Vitória.
    Ahn.
Sou eu quem você procura?
    Não sei. Acho que poderia ser você, ou eu, ou outra pessoa.
Mas não qualquer outra pessoa.
    É.
E se a gente fingisse que eu sou esse alguém?
    E então?
Aí você me diria por que estava me procurando.
    Eu queria conversar...
Ah é? Sobre o que?
    Sobre nós.
Explique-se.
    Queria perguntar por que nós não temos nos falado.
Mas eu não te conhecia antes.
    O porquê disso seria a minha segunda pergunta.
Mas como nos falaríamos se eu não te conhecia?
    Não é isso que estamos fazendo?
Hipoteticamente?
    Também.
Eu sou quem você procura?
    Não sei, você é?
Não sei.
    Você se incomoda em não saber?
Não. Por que me incomodaria? Ninguém sabe de nada mesmo.
   Eu também acho, mas não tenho certeza.
A certeza caminha junto com a ignorância.
    E a ignorância é o caminho mais fácil pra felicidade.
Não.
    Sim.
Então você não é feliz?
    Não... Você é?
Não.
    Ahn.
O que?
    Acho que você não é a pessoa que eu procuro.
Eu sei que não.
    Como sabe?
Porque eu já te encontrei.
    Então eu não preciso mais procurar.
Por que?
    Porque eu também já te encontrei.

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