segunda-feira, 4 de junho de 2012

O Último.

Não importa o quanto você peça, nada vai mudar.
Ando sem ter direção, só ando para frente, em uma calçada cheia de gente que tropeça em mim e não liga. Meu cigarro vem acompanhado da vontade de continuar, e chegar no meu destino antes que ele acabe parece vital. Passo por pessoas da minha idade, mas não sinto que nenhuma delas pertence a mim, e que eu não pertenço a nenhuma delas. Eu sou um velho de quase setenta anos; infantil, impaciente, inseguro e extremamente irritado com coisas sem importância. Quero parar a cada cinco minutos para descansar, mas se fizer isso o cigarro acaba. É o último.
Atravesso a rua, falta só meio quarteirão.
Continuo andando e perco o caminho. O cigarro chega ao fim.
Pego um maço no meu bolso, acendo outro e começo a andar.
Espero o sinal fechar e atravesso a rua, andando pela calçada sem direção.
Continuo a fumar e me perco nos meus pensamentos.
Espero que não acabe antes de chegar ao meu destino.
É o último cigarro.

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