domingo, 22 de setembro de 2013

Gota.

É um dia frio com pessoas frias.
Nada de bom acontece, mas o tempo continua a passar.
Em uma rua particularmente comum,
um ar condicionado particularmente comum está ligado.
E então uma gota cai.
Enquanto cai, o homem no sétimo andar do prédio ao lado grita com a mulher.
O filho do padeiro da esquina se queima com o calor do tabuleiro.
A empregada do segundo andar se masturba pensando no primo,
o porteiro da outra rua descansa os olhos e o escritor chora.
A dona do apartamento do segundo andar está,
enquanto a gota cai,
anotando um número de telefone,
um pouco distante dali.
O homem da cobertura está fora,
a criança do nono andar pensa em se tornar artista
e a gota continua a cair.
Por que o escritor chora?
A gota chega ao chão.
E o chão chora com o escritor.

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