segunda-feira, 28 de julho de 2014

Júri Popular.

Palavras tolas e repugnantes, foi o que eu me tornei. Estou sujo de todas aquelas que usaram sobre mim. São como parasitas, que grudam na pele e tiram minha força de vontade. Toda a minha personalidade vai se esvaindo, e o que sobra é esse bando de letras miúdas, repetidas e carrancudas, escritas de qualquer jeito, por qualquer um.
Por que escolhi ser escritor, afinal? Poderia ter sido diabético, deficiente físico ou hipocondríaco, anêmico, hemofílico ou bulímico. Escritor é o pior enfermo. Vive em seu próprio mundo, escreve como dá, quando dá e quando pode. Os únicos poetas decentes que sobrevivem a isso, à fome, à miséria e às críticas, vivem como prisioneiros da própria criação. Afinal, a escrita controla o escritor, e não o contrário.
E quando não escreve?, eu lhe pergunto. O que sobra para o escritor? Nada além de palavras de outros. Ah! E que outros vocês são... De quê adianta grafar minha dor, se já existem psicanalistas de plantão para me diagnosticarem com suas críticas fúteis? De que adianta uma opinião, se já me foi dito e repetido o que está certo e o que não está? De que lhes serve conhecer-me, se já leram minha sinopse?
Um bando de abutres, é o que são. Por não valorizarem a palavra, desperdiçam-na em tolos como eu.
O que farão, aos malignos, aqueles que julgam maligno tudo aquilo que os contraria?
O que será dos bons, se não sobrar o que os descreva?
Pra onde foi tudo que eu sou?

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