quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

Partes.

Se tu és tudo de ruim no mundo, quem sou eu? Se tua inocência me fez delirar, se foi o que te fez ver, em mim, minha benevolência, onde ela está? Por que sou eu o único a pagar pelas indecências que cometo? Por que sou monstro? Por que não bom? Se existe um Deus, por que não responde às minhas preces? Por que deixara o mundo tratar de mim e por que me deixara sucumbir ao mundo? Tu confiaste em erros, Ele diria, tu caíste nos cantos da sereia. Por que me deixas cair ainda se minhas feridas não cicatrizaram? Se minha discórdia é latente e minhas esperanças quase nulas? Por que tamanha dor quando eu ofereço misericórdia? Por que há tanta covardia na justiça? Tu, por outro lado, outrora mentiu saber. Tu foste meu cais e meu porquê, meu porto seguro. Tu me desde aquilo que o mundo me roubou, tu me deste amor quando eu pedi apenas piedade. E pra quê?! Por que desacreditar o incrédulo? Por que tornar possível o inimaginável e fazer, de mim, Ícaro? Por que embeber minhas asas com teu fogo? Minha alma já era amarga e meu coração era podre, por que me deixar morrer?
Se eu era pouco antes, em nós eu encontrei miséria. Eu delirei sobre a sanidade e dancei sobre o sadismo e, abandonado pela benevolência da humanidade, eu abracei o mal. O que há de benigno em ti? Que parte d'Ele te permitiria, senão o próprio diabo?

- Que parte de mim não te amou?


(a)

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