quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

zeca

Enquanto caminhava, zeca respirava o ar da cidade e o ar da cidade respirava zeca. Já passava de meio dia e o cheiro de Comida se espalhava pelas ruas, mas zeca não ia comer. Zeca tentou olhar para o seu relógio, mas não tinha um. Por isso, encarou seu pulso longa e dolorosamente, imaginando o almoço que não o esperava. Acelerou o passo para não chegar atrasado a lugar nenhum, correu em vão porque não tinha motivo para não correr. As pessoas olhavam pra zeca e se esqueciam do cheiro da comida - ou talvez nem tivessem reparado pra começo de conversa - mas zeca não ligava. Ele olhou apressadamente para o pulso, pensando na hora e na fome. Se zeca tivesse uma maleta de trabalho, certamente já a teria jogado fora para aumentar seu desempenho na corrida. Passou por duas ruas. Duas não, três. Perdeu a conta depois da quinta... Ou foi da sexta? Virou a esquina e continuou correndo, o ar da cidade continuou a respirá-lo até que ele parou. Zeca olhou para os restos de Comida e os restos de Comida olharam para zeca. Achou uma Maçã boa e mastigou.
Zeca se apaixonou pela Maçã.
E a Maçã se apaixonou pelo mendigo.

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