sexta-feira, 2 de maio de 2014

Pulso.

Zeca não tinha coração.
De leigos a especialistas, nada se podia ouvir do pulsar no peito.
Porque não havia nenhum.
Conforme o tempo passava, Zeca reclamava e entrava em depressão.
Porque Zeca não podia sentir, rir ou chorar.
Porque sabia que nunca iria amar.
Um dia, Zeca se cansou de ser tão frio e oco.
Pegou uma faca, cravou no peito e abriu uma fenda.
Zeca começou a cavar, cavar e cavar.
Zeca sentiu o pulmão respirar, sentiu o sangue jorrar, mas não sentiu coração nenhum.
Foi aí que Zeca tocou em alguma coisa que não era sangue.
Nem pele.
Nem osso.
Mas pulsava.
Zeca percebeu que estavam todos errados, incluindo ele.
Foi então que Zeca chorou pela primeira vez.
Porque percebeu que podia.

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