segunda-feira, 2 de junho de 2014

Passagem.

Tem uma hora que você simplesmente sabe quando seu relacionamento vai acabar. Eu pelo menos soube. Antes de anunciarmos o fim, eu já havia transado com três mulheres diferentes em três semanas, e nenhuma delas era minha esposa. Falando assim, me coloco como um psicopata, mas não sou. Não é que eu não tenha me sentido culpado, sabe? Mas a culpa não me impediu de fazê-lo. Afinal, que tipo de homem eu seria se tivesse impedido? Talvez ser assim tenha vindo do meu pai, brigando e chamando minha mãe de vagabunda - e quem dirá que ela não era? - ou dos meus irmãos, abusando secretamente da empregada no quartinho de cima... Talvez eu esteja impelido a tratar todas as mulheres como lixo, mas quem liga? O fato é que pedi o divórcio e deixei que ela ficasse com a guarda dos filhos. Não fui educado a desprezar crianças, mas isso a gente aprende com o tempo.
Depois do divórcio, parei de transar como um coelho e sosseguei um pouco. Não é como se as mulheres tivessem acabado, mas perdi um pouco da animação para toda aquela atuação necessária antes do sexo. Todo esse fingimento sempre me enojou, mas ultimamente tem ficado pior. O que me leva exatamente onde eu queria chegar, claro! Penso que descobri o motivo para essa mudança de hábitos sexuais. Não acho que as mulheres, com suas silhuetas e outras artimanhas do corpo, me incentivaram a cometer o adultério. É a emoção do pecado - Essa sim! - que me incentivou a comer cada uma delas, e nada mais do que isso.

O pecado é a melodia que rege a minha vida.

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