domingo, 31 de agosto de 2014

Parte de mim.

Fecho as portas do meu quarto.
Bato as janelas, cubro os espelhos.
Despenteio os cabelos e me escondo no canto.
Pego algum objeto afiado e apago a luz.
Meus membros tremem com a escuridão que se segue.
Diminuo a respiração, tento não ouvir os sons.
Tento não gritar com tanta agonia presa à garganta.
Ouço passos, mas tento não ouvir.
Desacelero o coração e finjo que não existo.
Os móveis fingem que nunca me viram existir.
Acalmo os nervos e tento me mover.
Os outros já se foram, ainda ouço os ruídos.
Sou parte dessa casa agora.
Os medos são parte de mim.

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