domingo, 18 de setembro de 2011

Inevitável Existência

Estou passando por uma crise existencial.
Não que eu ache que isso o preocupa, leitor, muito pelo contrário. Eu acho que minhas crises existenciais são essenciais para escrever o que eu escrevo. Sem elas você, que está sentado na frente do seu computador com absolutamente nenhuma obrigação tão importante assim, não estaria lendo esse texto.
Pois bem, se está tão desocupado, quero que faça uma coisa para mim, sim?
Eu quero que vá para a sua cozinha e pegue um copo d'água.
Foi?

Não, não foi. E sabe por que não?
Porque você não tem motivo aparente para isso.
Mas se parar para pensar, você também não tem motivo aparente para estar lendo esse texto agora.
E também, se parar pra pensar, vai descobrir que não tem motivo para fazer a maioria das coisas que faz, as pessoas com quem fala, os seus hábitos diários. Eles só lhe são ensinados, e você os repete, como sempre fez.
E quando você para pra pensar em todas as coisas inúteis que acabam fazendo da vida o que ela é em vez de algo muito melhor, você não consegue mais olhar o mundo da mesma forma.
E esse é o motivo da minha crise existencial.
Não estou deprimido, de verdade. Eu não penso em suicídio mais do que o de costume, talvez esteja pensando até menos do que antes. Acho que minha vida finalmente está tomando o rumo inevitável que todas as vidas tomam, e é exatamente isso que está me deixando desse jeito: o inevitável.
Mas não, deprimido eu não estou.
Para falar a verdade esse é um dos momentos mais importantes da minha crise existencial.
Essa é a hora em que eu me viro para a vida e olho no fundo de seus olhos antes de dizer:
"Eu não ligo para você."
E saio andando na direção oposta.

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