sexta-feira, 2 de janeiro de 2015

Último.

O último cigarro não importa. O último trago de bebida, o último gelo, a última dose. Minhas mãos fedem à idade e meu suor fede à pobreza. As cinzas descansam sobre o copo enquanto as observo e, porque as observo, as cinzas descansam sobre o copo. Tudo à minha volta é um resumo da minha criação, uma interpretação errônea. Não possuo defeitos, e sim in-qualidades. Meu mundo é repleto delas porque MEU MUNDO SOU EU. Encontro mais meia pílula no chão e tomo antes de dormir. Uso água para engolir porque o whisky SUMIU do copo. Quebro a parede contra o copo - contra a parede. Quebro a cabeça contra o copo e crio o copo. Eu sou o copo. Sujo mais um bocado com minhas cinzas e vou para a minha última casa.
Aperto meu último gatilho e tudo vira luz.

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