sábado, 29 de novembro de 2014

Conversas de Ônibus (I)

Mentira! Quem te contou isso? Era isso que eu descofiava, que ele era doente mental. Ele é louco, Carol. Você tinha que ver o tamanho da minha perna agora. Ele quase ARRANCOU a minha perna. To dentro do 46 subindo a colina. Eu tinha que sair daí, Carol. Toda vez que a gente brigava ele batia a cabeça na parede, tipo um touro. A vizinha sabe de tudo, pergunta pra ela. Que? Aposentado porque tem problema mental? Como ela descobriu isso? Ele não trabalha, eu sei, ele mentiu pra mim. Você tem que avisar aos meninos pra eles saírem daí, pra eles saberem. Faz isso logo. Ele ta contando outra coisa pros meninos. Mamãe não acredita em mim porque ela não me quer lá, ela acredita nele. Eu já tentei falar, Carol, não adianta. Ele é DISSIMULADO, cheio de tique nervoso. Ele começa a piscar o olho olhando pra cima. Ele amolece, ele tem muita lábia, consegue me convencer de que eu sou dura pra cacete. Ele fica convencendo os meninos. E olha que eu sou mulher pra caralho, cara. Sou mulher pra caralho. Anota o telefone de mamãe agora e manda Jane ligar pra ela falar com mamãe. Anota aí - Jane? Me ajuda, amiga, eu to muito nervosa, liga pra minha mãe. Conta tudo que aconteceu porque você tem um ouvido aí, pelo amor de deus.

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